segunda-feira, novembro 26, 2012

Jovens senis e modernaços - o problema das contas nacionais é a mulherada: "agora a maior parte das mulheres trabalham"

No meu tempo é que era: não pensavam nem falavam sem prévia autorização do seu senhor. Isto sim, é uma ideia arejada, arrojada e modernaça.

JSD quer limitar pensões de sobrevivência
A JSD vai defender durante o debate do papel do Estado uma limitação da atribuição das pensões de sobrevivência (ou de viuvez).

Na base da proposta está a ideia de que o Estado tem de acompanhar as mudanças do mercado de trabalho e da sociedade nos últimos anos. “Acho que o Estado não acompanhou a mudança da realidade das famílias portuguesas, como é o caso das pensões de sobrevivência. (...)Agora a maior parte das mulheres trabalham”, explica o deputado [Duarte Marques, deputado e líder da JSD].
In: Jornal I

quarta-feira, novembro 14, 2012

Taxa de desemprego bate novo recorde e chega a 15,8%: PSD orgulhoso com "excelente comportamento da economia portuguesa"*


Um sucesso que já vinha de trás... sempre com os mesmos (péssimos) resultados.

Os números do desemprego não param de aumentar. O desemprego jovem mostra uma nação falhada, sem futuro. A Economia está em colapso. E o que diz o Primeiro-Ministro?! "Sabemos que o desemprego vai ainda aumentar antes de ver o seu declínio". Que tem que ser assim, que está tudo a correr como esperado. Ou seja, tudo é intencional. Sinteticamente, o programa de governo tem como desígnio único a desintegração de uma nação. Povo estranho este...  



Taxa de desemprego bate novo recorde e chega a 15,8%
De acordo com os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o número de desempregados em Portugal (seguindo os critérios adoptados pelo INE) ascendeu, durante o período de Julho a Setembro deste ano, a 871 mil pessoas. Houve uma subida de 181 mil face a igual período do ano passado.
In: Público


Desemprego jovem em Portugal atinge 40%
A taxa de desempego entre os jovens subiu para um novo recorde no terceiro trimestre.
In: Jornal de Negócios


Passos Coelho: "Desemprego é um processo pelo qual o país tem que passar"
O primeiro-ministro reagiu aos dados do Instituto Nacional de Estatística que revelam que a taxa de desemprego subiu no terceiro trimestre para 15,8%, um novo recorde, face aos 15% observados no trimestre anterior, afirmando que "o desemprego é um processo pelo qual o país tem que passar". "Sabemos que o desemprego vai ainda aumentar antes de ver o seu declínio".
in: Diário Económico


Passos: Queda do PIB e aumento do desemprego estão "bastante em linha com as previsões do Governo"
São números bastante em linha com as previsões do Governo”, afirmou Pedro Passos Coelho(...) quando questionado pelos dados do emprego e economia hoje divulgados pelo INE.

O PIB caiu 3,4% no terceiro trimestre, agravando o ritmo de quebra. o desemprego atingiu novo recorde nos 15,8%.
In: Jornal de Negócios


PIB português cai 3,4% e agrava queda desde início da crise
O Produto Interno Bruto (PIB) português caiu 3,4% no terceiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. É a maior quebra homóloga desde o início da recessão na economia portuguesa.
In: Público


*PSD orgulhoso com "excelente comportamento da economia portuguesa"
In: Jornal de Negócios

segunda-feira, outubro 22, 2012

A crise é uma oportunidade: quando gastar muito mais é virtuoso


Reguladores ficam com salários acima do de Passos Coelho
Ao contrário do que tinha sido decidido inicialmente, deixará de haver um limite nos salários a pagar pelos reguladores (...). E, com este abandono, deixa de ser certo que haverá reduções remuneratórias, ao contrário do que estava previsto, uma vez que muitos dos presidentes destas entidades ganham mais do que o primeiro-ministro, (...) fruto da pressão exercida por alguns supervisores e do entendimento, por parte do Governo, de que esse tecto remuneratório poderia dificultar a contratação de gestores, face às remunerações praticadas nos sectores que fiscalizam.

In: Público

quarta-feira, outubro 10, 2012

O homem por detrás da cortina - "não existiam e nada previa que viessem a existir": tratado sobre lisura, parte 2


A Tecnoforma, empresa de que Passos Coelho foi consultor e depois gestor, conseguiu fazer aprovar na Comissão de Coordenação Regional do Centro (CCDRC), em 2004, um projecto financiado pelo programa Foral para formar centenas de funcionários municipais para funções em aeródromos daquela região que não existiam e nada previa que viessem a existir. Nas restantes quatro regiões do país a empresa apresentou projectos com o mesmo objectivo, mas foram todos rejeitados por não cumprirem os requisitos legais. As cinco candidaturas tinham como justificação principal as acrescidas exigências de segurança resultantes dos ataques às torres gémeas de Setembro de 2001.
In : Público

Estudos sérios e testados: estaremos a sobrestimar a seriedade dos salvadores?

A prova do experimentalismo económico e social que os governantes europeus permitiram que os seus povos fossem sujeito às mãos de extremistas radicais. Os governantes juravam, e continuam a jurar, fé absoluta na bondade dos modelos. Esses estavam "mal calibrados" - de forma intencional? -  e entretanto milhões de vidas foram arrasadas, destruídas por esse fanatismo, que à margem do regime democrático impôs o sofrimento atroz à maioria, salvaguardando contudo os grandes interesses, aliás os únicos a defender a "ciência" desta solução final. Trata-se de um crime público. Ninguém actua? Não há responsáveis?



FMI reconhece que calculou mal o impacto da austeridade na economia
Ao fim de mais de dois anos de austeridade na Europa, com várias previsões de crescimento revistas em baixa, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou mais um mea culpa, algo que já se começa a tornar hábito na instituição.

Numa caixa intitulada "Estaremos a subestimar os multiplicadores orçamentais de curto prazo?", os responsáveis do Fundo tentam perceber porque é que as suas previsões (e também as de outras instituições) para a evolução das economias têm vindo a falhar durante esta crise.

E a conclusão a que chegam é impressionante. Enquanto que nos modelos de projecção usados, se estimava que, por cada euro de cortes de despesa pública ou de agravamento de impostos se perdia 0,5 euros no PIB, a realidade mostrava que esse impacto (os chamados multiplicadores) é muito maior. Afinal, desde que começou a Grande Recessão, em 2008, o que os dados económicos mostram é que por cada euro de austeridade, o PIB está a perder um valor que se situa no intervalo entre 0,9 e 1,7 euros.
In: Público


Investigadores do FMI recomendam terapia diferente da troika
Não chegam as receitas "tradicionais" para o ajustamento nos países "periféricos". É necessário que os países com excedentes na zona euro importem mais dos outros membros. É preciso desvalorizar o euro, colocar no terreno um mecanismo de transferências interno e criar condições de financiamento menos onerosas para os países deficitários.
In: Expresso
De facto, o FMI estimava que o efeito de um corte na despesa pública ou de um aumento dos impostos de 1 euro geraria um impacto negativo de cerca de 0,5 euros no PIB, mas agora estima que esse impacto negativo esteja entre 0,9 e 1,7 euros, algures entre o dobro ou o triplo, é só multiplicar. É o que dá subestimar o contexto histórico específico de crise generalizada, depois de rondas de liberalização, de muito reduzida utilização da capacidade produtiva instalada e de colapso do investimento, de política monetária convencional limitada e de austeridade generalizada, o que gera, sobretudo à escala da disfuncional Zona Euro, todos os círculos viciosos: a despesa de uns é mesmo o rendimento dos outros.

Vicioso é também o efeito de bola de neve da dívida nacional, graças ao abismal diferencial entre a taxa de juro exigida a um país sem soberania e a taxa de crescimento. Uma é largamente positiva e a outra é largamente negativa, graças à austeridade. São assim múltiplas as vias através das quais a realidade denuncia as tenebrosas fantasias do memorando.

Muitos economistas (...) avisaram desde o programa da Grécia que o efeito multiplicador da austeridade iria levar a uma contracção da economia muito superior ao esperado pelas troikas grega e portuguesa. Agora, temos este "desvio colossal" quantificado: por cada euro poupado em cortes, a economia perde até 1,7 euros, três vezes mais do que o previsto pelo modelo teórico do FMI. É este o ciclo da austeridade recessiva. Porque os 70 cêntimos que se perdem em cada euro poupado terão de ser recuperados, nem que seja por obrigação do pacto orçamental. E a única receita que a troika e os governos que lhe obedecem conseguem aplicar é mais austeridade. E por aí fora.

Quem lucra com este ciclo cataclismo? A Alemanha e alguns países do Norte da Europa. Os bancos alemães, no início da crise, estavam bastante expostos quer à dívida pública grega quer à portuguesa. Em dois anos, desfizeram-se dessa dívida. Os milhares de milhão extorquidos aos contribuintes gregos e portugueses têm servido para recapitalizar a banca alemã (e, em menor medida, a francesa), com algumas migalhas sobrando para os bancos gregos e portugueses. Noventa por cento da dívida pública soberana detida pelos nossos bancos é nacional. Agora, o sistema financeiro começa a respirar muito melhor.

Então por que razão fez Lagarde este aviso? Porque a recessão provocada pela austeridade nos países periféricos começa a afectar a economia real produtiva. Os seis por cento de contracção da Grécia mais os nossos quase quatro por centro começam a fazer mossa na Alemanha, e nem o bom desempenho deste país nas exportações para os países fora da UE consegue mitigar o efeito dominó. E o resto do mundo também já sofre os efeitos da gestão de crise decidida pela senhora Merkel. Neste momento, Lagarde tenta retroceder no caminho. Os milhões de vidas destruídas pelas políticas de austeridade são apenas um pormenor da História.

segunda-feira, outubro 08, 2012

Figuras gelatinosas: passos seguros

Populismo, puro e duro. Proposta sem qualquer sustentação em factos. Aliás, os factos desmentem essa encenação do "excesso" de deputados. O objectivo dos dois maiores partidos é somente salvaguardar a sua clientela partidária, e em tempo algum houve preocupação em  implementar maior transparência. Aliás, este processo é completamente opaco. Não deixa de ser caricato que um dos seus promotores alegue procurar "uma menor dependência dos eleitos face às direcções partidárias" quando há poucos meses impedia que os seus deputados enviassem para o Tribunal Constitucional uma lei que se provou ser ilegal.


António José Seguro. PS vai apresentar ainda este ano uma proposta para reduzir o número de deputados
"Até ao final do ano [o PS vai apresentar] uma proposta de alteração da lei eleitoral para a Assembleia da República" com o intuito de reduzir o número de deputados, atualmente cifrado em 230.

Com essa alteração, Seguro quer alcançar uma “maior proximidade entre eleitos e eleitores e uma menor dependência dos eleitos face às direções partidárias”.
(...)
Outro dos objetivos apresentados pelo líder socialista no discurso desta noite passa por “introduzir maior transparência na vida pública e aumentar a exigência na prestação de contas”.

A reforma do sistema eleitoral, uma reflexão crítica e política
(...)Nesse caso qual deve ser a resposta para se reduzir os espaços da ingovernabilidade? Mudar a lei eleitoral sacrificando, para tal, a expressão parlamentar do pluralismo existente na sociedade portuguesa? Não me parece. Em alternativa, considero desejável aperfeiçoar as condições institucionais da governabilidade.
António José Seguro, "Para uma melhoria política. A reforma do sistema eleitoral, uma reflexão crítica e política, in Eleições, 12, Lisboa, DGAI-MAI, Nov. 2009, pag.72 (via Jugular)


Portugal abaixo da média no número de deputados
Portugal já tem (...) o menor número de deputados por habitante de todos os países da Europa Ocidental com apenas uma câmara legislativa e de vários países com duas câmaras, como sucede com a Irlanda. Uma distância que iria aumentar consideravelmente caso vingasse a proposta (...) de redução substancial dos actuais 230 parlamentares que compõem a Assembleia da República.

Países com população em número muito semelhante à portuguesa dispõem de muito mais deputados. É o que se passa, por exemplo, na República Checa (que dispõe de um Parlamento e um Senado), com mais 51 deputados do que os existentes em Portugal, ou a Hungria, que tem mais 156 parlamentares. O mesmo se passa na Grécia: o parlamento de Atenas tem mais 70 deputados do que o de Lisboa.

A desproporção mantém-se nos países que têm cerca de metade dos habitantes de Portugal. A Finlândia, por exemplo, conta com 200 deputados (o equivalente a 400, se a população finlandesa fosse tão numerosa como a portuguesa), a Eslováquia tem 150 (equivalente a 300) e a Dinamarca 179 (358).
In: Diário de Notícias (via Entre as brumas da memória)

domingo, outubro 07, 2012

Absurdo extremamente surpreendido: tratado sobre lisura

Como alguém é gestor de uma empresa e desconhece que tem essa responsabilidade? É coincidência que o actual número 2 do Governo, com a pasta mais importante - privatizações - fosse o responsável na altura pelo programa de que beneficiou a empresa laranja? Certamente, tudo bons rapazes, e tudo não passará de uma mera coincidência. Qualquer pessoa fica extremamente surpreendida com essas coisas.


Empresa de que Passos foi gestor dominou fundo gerido por Relvas
A Tecnoforma, uma empresa de que Passos Coelho foi consultor e administrador, dominou por completo, na região Centro, um programa de formação profissional destinado a funcionários das autarquias que era tutelado por Miguel Relvas, então Secretário de Estado da Administração Local

Os números são esmagadores: só em 2003, 82% do valor das candidaturas aprovadas a empresas privadas na região Centro, no quadro do programa Foral, coube à Tecnoforma. E entre 2002 e 2004, 63% do número de projectos aprovados a privados pelos responsáveis desse programa pertenciam à mesma empresa.

Miguel Relvas era então o responsável político pelo programa, na qualidade de secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, Paulo Pereira Coelho era o seu gestor na região Centro, Pedro Passos Coelho era consultor da Tecnoforma, João Luís Gonçalves era sócio e administrador da empresa, António Silva era seu director comercial e vereador da Câmara de Mangualde. Em comum todos tinham o facto de terem sido destacados dirigentes da JSD e, parte deles, deputados do PSD.
(...)
Favorecimento? Passos Coelho disse mesmo ao PÚBLICO, que essa ideia é um “absurdo”. (...) O actual primeiro-ministro, que assegura nunca ter sido accionista da empresa, omite, porém, nos seus currículos que foi administrador desta entre 2005 e 2007. Ao PÚBLICO garantiu várias vezes que se desligou dela em 2004, admitindo que a tinha gerido por um “período não muito longo” em 2003 e 2004. No entanto, em 2007 ainda geria a empresa. Em Agosto passado ainda estava em vigor uma procuração dos seus donos que lhe permitia administrá-la.

Confrontado com esses factos, Passos Coelho manifestou-se extremamente surpreendido, afirmando, depois de os confirmar, que se tratava de um “engano” seu.
In: Público - reportagem completa em pdf (amabilidade do Aventar)

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A arte de poupar: o Estado "poupa" e a Lusoponte engorda


Com o discurso da moralização, o Estado passa a suportar maiores custos. Não existe qualquer poupança para os Contribuintes - antes pelo contrário - enquanto que a Lusoponte é contemplada com um extra de 5,1 milhões de euros. Afinal, quem disse ir combater "a economia que cria rendas aos amigos do poder"?   


A grande golpada
O Governo decidiu extinguir a Fundação das Salinas do Samouco, instituição que o Estado se comprometeu a criar junto de Bruxelas como contrapartida do financiamento comunitário para a construção da Ponte Vasco da Gama.

A fundação tinha por objectivo preservar as salinas que se encontram na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo. Entre as entidades presentes na génese da fundação, está a Lusoponte, presidida por Ferreira do Amaral, que, como concessionária da ponte, assumiu o compromisso de contribuir com 300 mil euros anuais, até 2030, para o funcionamento da fundação. Com a extinção decretada, o Estado liberta a Lusoponte de qualquer compromisso e transfere todas as responsabilidades para o Instituto Nacional de Conservação da Natureza.
In: Correio da Manhã

A arte de poupar: amigos são paras as ocasiões - conter custos é gastar mais

Dizem que a RTP é demasiado cara. A comunicação institucional, nos últimos anos, tem sido desenvolvida internamente. A nova administração, cujo o administrador considera quem o nomeou o "melhor primeiro-ministro desde Sá Carneiro", incumbida de reduzir custos, prepara a contratação de serviços que são feitos internamente, e por consequência, com maiores custos para a empresa. Esse serviço será prestado por uma entidade que pertence a um amigo pessoal do actual presidente da RTP. Dizem que é tudo normal, e explicam "conter custos não significa deixar de fazer investimentos considerados importantes(...)". Acresce a tudo isso o Despacho do Ministro das Finanças, de 12 Setembro, que impede esse tipo de despesas (que fica dependente da autorização expressa do ministro). Será que o Ministro das Finanças irá tolerar mais uma excepção que implica aumento adicional da despesa do Estado? A acompanhar os próximos episódios...  

Experimentalismo: exemplos de sucesso

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sábado, outubro 06, 2012

Abismo: Nós sabemos para onde vamos


“Nós sabemos para onde vamos”, diz Passos Coelho

Especialista diz que ferrovia em Portugal ficou ao nível da Serra Leoa
O especialista em comboios Manuel Tão considera que o Governo não tem qualquer estratégia em termos de transporte ferroviário e colocou Portugal ao mesmo nível do que o país tinha em 1970 e lado a lado com a Serra Leoa.

“A evolução dos caminhos-de-ferro portugueses nos últimos 25 anos é a da perda de passageiros. Somos o único país da Europa que acusa perda consecutiva de passageiros: 44%. Estamos ao mesmo nível de tráfego de 1970”, diz este professor da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, num balanço do Plano Estratégico dos Transportes (PET), anunciado há um ano.
(...)
Por isso, “perante políticas destas, Portugal afunda-se ainda mais na dependência do petróleo”. Para Manuel Tão é “quase um milagre como ainda existem” caminhos-de-ferro em Portugal: “Não temos um plano estratégico de transportes, porque não há estratégia. Temos é um plano de extinção de transportes”.
(...)
“A ferrovia, como está, não serve as pessoas, o material é muito antigo. Os governos deviam ter apostado na modernização. Assim vamos contra a tendência do resto da Europa, onde o comboio é o transporte do futuro”, diz.
In: Público

sexta-feira, outubro 05, 2012

Figura gelatinosa: um focado nécessaire em forma de pessoa

Um homem focado. Pela primeira vez em 102 anos de República o chefe do Governo falta às celebrações da sua implantação. Considerou a sua presença "indispensável" num grupo, certamente muito relevante, denominado "Amigos da Coesão". Será que em França o chefe de Governo dispensa o 14 de Julho para ir assistir a um encontro dos "Amigos da Coesão"?

O dito encontro, de tão importante que foi, durou menos de uma hora. Apesar de sem especial significado em Espanha e na Grécia, os respectivos primeiros-ministros nem sequer compareceram, o que comprova a opção focada de Passos Coelho. Entre celebrar a República, o primeiro ministro optou pelo grupo da sueca. Prioridades. O desprezo é uma marca de carácter. Piegas é o que são.


indispensável (in- + dispensável)
1. Que não se pode dispensar.
2. [Figurado]  Habitual; constante; infalível.
s. m.
3. O que é absolutamente preciso. = NECESSÁRIO
4. Bolsa pequena de senhora usada para transportar um conjunto de objetos pessoais.

Rebanho dos inocentes: "Os portugueses são em parte responsáveis pelo que se está a passar. Pedem tudo ao Estado"

No rebanho de deus, nunca houve lugar para remediados ou pobres. Os favores pagam-se. Um regime oportuno de excepção para uns, a expiação das almas e apoio do outro. Um homem bom, convicto e desprendido.


Em entrevista à rádio Renascença, o Cardeal Patriarca critica a relação dos portugueses com o Estado
Os portugueses são em parte responsáveis pelo que se está a passar, porque têm um conceito de vida em comunidade em que o Estado tem obrigação de tudo. Pedem-lhe tudo”, afirma D. José Policarpo, manifestando-se “surpreendido”, no caso das fundações, com a quantidade de entidades que recebiam dinheiros públicos e que reivindicam receber.
In: Jornal de Negócios





Resolução do Conselho de Ministros n.º 79-A/2012:

Imagem da pátria

Acabamos de assistir a uma intervenção cobarde e absurda do Presidente da República. Num momento de extrema dificuldade, quando o desemprego se prepara muito brevemente para ultrapassar a fasquia dos 17%, o Presidente optou por um discurso sem sentido e completamente surreal. Perante o colapso, a destruição de uma nação, o Presidente permanece calado. Assim se percebe a opção por uma cerimónia sitiada, marcada por uma rua deserta de pessoas e repleta de forças de intervenção. Sinais de muito medo. É oficial: Cavaco está senil.

É oportuno recordar que foi a mesma figura que em Abril dizia que existiam sinais de recuperação no 2.º semestre de 2012, e que em 2011 ainda referi:

«Serei rigorosamente imparcial no tratamento das diversas forças políticas, mantendo neutralidade e equidistância relativamente ao Governo e à oposição. (...) A nossa sociedade não pode continuar adormecida. (...) É altura dos Portugueses despertarem da letargia em que têm vivido (...) Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático. Precisamos de uma política humana, orientada para as pessoas concretas, para famílias inteiras que enfrentam privações absolutamente inadmissíveis num país europeu do século XXI. (...) Os Portugueses não são uma estatística abstracta. (...) Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.» (Aníbal Cavaco Silva, a 9 de Março de 2011).
In: Presidência da República, via Ladrões de Bicicletas


PS: Jorge Moreira da Silva mostrou de forma cristalina o seu carácter, ainda mais pequeno que a sua estatura. Notável.  

Figuras gelatinosas: o melhor povo do mundo pariu inúmeros invertebrados

Vítor Gaspar: O povo português revelou-se o melhor povo do mundo e o melhor activo de Portugal



«Serei rigorosamente imparcial no tratamento das diversas forças políticas, mantendo neutralidade e equidistância relativamente ao Governo e à oposição. (...) A nossa sociedade não pode continuar adormecida. (...) É altura dos Portugueses despertarem da letargia em que têm vivido (...) Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático. Precisamos de uma política humana, orientada para as pessoas concretas, para famílias inteiras que enfrentam privações absolutamente inadmissíveis num país europeu do século XXI. (...) Os Portugueses não são uma estatística abstracta. (...) Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.» (Aníbal Cavaco Silva, a 9 de Março de 2011).
In: Presidência da República, via Ladrões de Bicicletas


«Queria fazer-vos uma declaração em relação às medidas anunciadas hoje. (...) Vão aumentar as taxas do IRS, em termos práticos, mais 10 ou 15%, face ao que as pessoas pagam todos os meses. O aumento é duplo: chamo à atenção que agora sobem as taxas e há um mês tinham anunciado o corte nas deduções. O que significa que se vai pagar mais ao Estado todos os meses e que se pode deduzir menos, muito menos, em educação e saúde. (...) E, embora o primeiro-ministro não o tenha clarificado, temo que não sejam apenas os trabalhadores que estão no activo, mas também os pensionistas, que vejam o seu IRS agravado. (...) Isto é um bombardeamento fiscal que é negativo para a nossa economia. (...) Eu mantenho a palavra que dei ao eleitorado: o caminho é fazer uma compressão da despesa. É reduzir a despesa que pode ser reduzida. E não é ir pelo aumento de impostos, por aumentos de impostos sucessivos. (...) Eu dei a minha palavra ao eleitorado e mantenho-a: pedi confiança às pessoas para outro modelo fiscal. Não me deram confiança para estar a votar aumento de impostos. (...) Lamento profundamente que os portugueses cheguem cada vez mais à conclusão que o governo não tem palavra, relativamente à questão fiscal, como a muitas outras matérias.» (Paulo Portas, a 13 de Maio de 2010).
In: CDS-PP, com vídeo, via Ladrões de Bicicletas

quarta-feira, outubro 03, 2012

Figura gelatinosa: sem espinha


«Ao longo dos últimos meses, o governo [PS] adoptou, em diversos momentos, medidas gravosas, visando a redução do défice orçamental, que tiveram e têm consequências directas sobre o rendimento das pessoas e das famílias, sobre a actividade das empresas e sobre o desempenho da economia portuguesa como um todo. Sempre que tal aconteceu, o governo garantiu, pela voz dos seus mais altos responsáveis nesta matéria - o primeiro-ministro e o ministro das finanças - que as medidas em causa eram as adequadas e suficientes para a realização dos objectivos pretendidos em matéria de finanças públicas. Impor agora novos aumentos de impostos, cortes nas pensões, no Serviço Nacional de Saúde ou na rede escolar, confirma a estratégia do governo de transformar medidas de emergência - que pelos sacrifícios que impõem aos cidadãos - apenas devem ser assumidas em situações extraordinárias e de modo conjuntural. (...) Ao agir dessa forma, o governo está também a evidenciar, perante o país inteiro, quer a sua incapacidade para cumprir adequadamente aquela que é a sua responsabilidade, quer o seu despudor em transferir para os portugueses  o custo dos seus sucessivos erros. Se estas medidas adicionais são necessárias, é porque o governo não soube, ou não quis fazer, aquilo que a ele - e só a ele - lhe compete.» (Pedro Passos Coelho, a 11 de Março de 2011)
Via Ladrões de Bicicleta

terça-feira, outubro 02, 2012

Figura gelatinosa: Passos Coelho acusa Governo de 'deslealdade e falta de respeito pelo país'



(...) Pedro Passos Coelho, voltou a criticar a forma como o Governo negociou o novo Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) «fazendo de conta que estava a negociar com uma série de pessoas», mas na prática ter «ocultado verdadeiramente o que estava a fazer».

(...) Passos Coelho classificou como «extraordinário» que o primeiro-ministro não tenha conseguido informar o país que estava há três semanas a negociar com o Banco Central Europeu e com a Comissão Europeia um conjunto novo de medidas que impõem «sacrifícios graves à sociedade portuguesa para os próximos anos».

«Considero isso de uma deslealdade e de uma falta de respeito pelo país, pelos portugueses, pelas instituições, suficientemente grave para pôr em causa a confiança que o país tem em quem o governa», sustentou, durante uma intervenção na (...) Associação Comercial de Lisboa.
In: Sol

Acordo alcançado em Bruxelas apanhou de surpresa a oposição
O Governo mantém o silêncio quanto ao dia em que o anuncio das novas medidas de austeridade vai ser feito. Os líderes da Oposição criticam esse silêncio. A última vez que foi questionado sobre que medidas iria apresentar como alternativa ao recuo da Taxa Social Unica, Pedro Passos Coelho não quis concretizar. A revelação do acordo alcançado em Bruxelas apanhou de surpresa a oposição.In: RTP

Bruxelas já aprovou medidas alternativas às mudanças na TSU
Sobre se podia concretizar as medidas alternativas, Durão Barroso sublinhou que compete ao Governo a divulgação concreta das mesmas. "O Governo estará talvez à espera da aprovação pelos seus parceiros das medidas que podem garantir os objectivos da consolidação orçamental".

FMI também já conhece alternativas à TSU
In: Jornal de Negócios

segunda-feira, outubro 01, 2012

Os illuminati: figuras diferentes a mesma face

O discurso é um só: a regressão civilizacional. Primeiro Carlos Moedas, depois, Passos Coelho e agora António Borges, que considerou que Portugal estava "no ponto"... 



O governo respondeu (...) às críticas feitas por vários empresários à alteração da taxa social única (TSU), através do secretário de Estado adjunto de Passos Coelho. Carlos Moedas disse que as "empresas instaladas" não querem que a concorrência seja mais competitiva e estranhou que a falta de liquidez tenha desaparecido repentinamente.
In: Dinheiro Vivo

Segundo o primeiro-ministro, o facto de ter havido "um conjunto de empresários que confessaram publicamente temer represálias que os seus trabalhadores pudessem efetuar".
In: SIC Notícias

O consultor do Governo para as privatizações, António Borges, defendeu que as alterações que o Governo queria fazer à Taxa Social Única (TSU) eram uma medida “inteligente” e acusou os empresários que a criticaram de serem “ignorantes”.

In: Público


In: Diário Económico

Uma democracia europeia certamente: sabores fortes



segunda-feira, setembro 24, 2012

Ainda mais eficaz que a abstinência - o anti-climax: Natalidade a pique. Nasceram menos cinco mil bebés em Portugal

Ainda bem que existe um governo defensor da família...

É um dos fenómenos mais alarmantes do estado do país. Números (...) mostram a maior queda de natalidade de que há memória em tempos recentes: há menos 5.235 nascimentos nos primeiros oito meses do ano. “Entre 2010 e 2011, houve um decréscimo ligeiro de 542 bebés, mas nunca tão significativo como neste”. (...) O panorama só não é pior (...)porque ainda há muitos estrangeiros que têm filhos no nosso país.




Danish nursery offers parents time for making babies
They have promised to provide two hours' free childcare on Thursday evening, so that the parents can go to bed and make more babies.
In: BBC

domingo, setembro 23, 2012

As cigarras segundo o governo: a destruição de um país

(para aumentar, clicar nas imagens)

Maria Antonieta lusitana: Portugal não pode ser “país de muitas cigarras e poucas formigas”, diz Miguel Macedo


O desvario é completo. Não há a mínima noção da realidade. Há milhares de pessoas com fome, sem emprego, sem dinheiro. E das que têm emprego, uma parte significativa não vai além dos € 485 brutos. O faz o ministro?! Dá pedagogia: não sejam preguiçosos!
 

Portugal não pode ser “país de muitas cigarras e poucas formigas”, diz Miguel Macedo
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, elogia o “esforço do povo” para ultrapassar a crise e considera que Portugal não pode ser “um país de muitas cigarras e poucas formigas”. Uma fábula que diz ser “pedagogia para os tempos difíceis”.

Num recado mais explícito, no entanto, fez referência à fábula da formiga (a trabalhadora) e da cigarra (a preguiçosa), contextualizando-a no contexto da crise que o país atravessa, que disse ser “muito, muito difícil”.
In: Público

Primeiro o semanário "Sol", a 11 de outubro, e depois o "DN", noticiaram que vários governantes, entre eles Miguel Macedo, recebiam subsídio de alojamento, apesar de terem casa em Lisboa. Uma contribuição que, legalmente, pode ir até aos 1.400 euros.
In: Expresso

sexta-feira, setembro 21, 2012

Tomo da agenda de transformação estrutural: a virtudes da solução final ao encontro purificação


BNP Paribas: Mexidas na TSU trazem mais recessão e desemprego acima dos 17%
O BNP Paribas prevê que a recessão em 2013 atinja 2,2% devido ao aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social, que o desemprego continue a subir e que Portugal falhará as metas do défice. (...) "Devido a um aumento da taxa paga pelos trabalhadores em Janeiro de 2013, esperamos agora que o PIB contraia 2,2% no próximo ano, uma recessão mais profunda que a queda de 1,3% que havíamos projectado há três meses"(...). O BNP Paribas espera também que a dívida pública atinja níveis maiores que os esperados pelo Governo e "troika", ultrapassando mesmo os 125% do PIB em 2014.
In: Jornal de Negócios

Académicos avisam que mexidas na TSU podem destruir emprego
Cinco professores de Economia acabam de publicar os resultados de um estudo conjunto sobre as alterações propostas para a TSU que contrariam os esperados pelo Governo. Nos seus cálculos, o mais provável é que as mexidas previstas resultem na perda de 68 mil empregos.

Igreja acusa Governo de agravar desigualdades e amputar o país da liberdade
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo oficial da Igreja Católica para intervir nas questões sociais e políticas, acusa o Governo de “total aceitação dos ditames da troika”, de amputar o país de vários graus de liberdade, de “submissão aos governantes de países mais poderosos”, de agravar as desigualdades, de ter um pensamento económico desadequado à realidade, de “desonestidade intelectual” na argumentação, de enfraquecer o Estado de Direito e de “desconhecer a realidade” do país. 
In: Público
 
O Conselho Económico e Social (CES) considera "muito optimistas" as previsões do Governo relativas às alterações da taxa social única (TSU), prevendo um aumento do défice e um "efeito fortemente negativo" sobre o consumo interno.
 
O empresário [Filipe de Botton - presidente da Logoplaste]considera que a medida demonstra "uma insensibilidade social que é perfeitamente inaceitável" e defende que a poupança resultante da redução da TSU não terá qualquer impacto no emprego. "Isso faz-se com outras medidas, como a inovação, o investimento e a expansão da empresa".

Deficientes e maiores de 65 anos não escapam à TSU

CIP chumba descida da TSU proposta pelo Governo
António Saraiva diz que Passos Coelho "ignorou" e "agrediu" a concertação social. Pede-lhe que faça marcha atrás e que dê sinais de "ética".
 In: Jornal de Negócios

Patrões dão chuto no Governo e devolvem TSU a trabalhadores
Industriais do calçado criticam ferozmente a decisão do Governo: "O Governo deu um tiro no coração dos trabalhadores portugueses".

In: Público

quinta-feira, setembro 20, 2012

Calibragem da austeridade equitativa. Sacrifícios modelados: o mundo das excepções não tem fim

(...) O Governo decidiu transformar a entidade numa empresa pública e conceder-lhe novas competências. Além de gerir a dívida do Estado, o IGCP passará agora também a ser responsável pela gestão da dívida das empresas públicas que dependam do Orçamento do Estado (OE) e da sua carteira de investimentos financeiros.

Apesar de passar a ser equiparado a uma instituição de crédito e poder prestar serviços bancários a entidades de administração directa e indirecta do Estado e empresas públicas, o IGCP fica fora da supervisão do Banco de Portugal e apenas responde ao Ministério das Finanças.

O organismo tem ainda luz verde para adquirir bens e serviços até 200 mil euros sem ajuste directo e sem qualquer restrição na escolha da empresa contratada para esse fim. A administração do IGCP escapa também ao limite dos vencimentos no Estado, recebendo pela regra da média dos vencimentos dos últimos três anos no cargo ocupado anteriormente.

No caso da ESAME – entidade criada por este Governo para acompanhar o cumprimento do acordo de Portugal com a troika e fazer a ponte com os credores externos –, o perfil da estrutura foi modificado recentemente, e assemelha-se à de um gabinete ministerial. Esta mudança é visível, por exemplo, nos recrutamentos de pessoal. O anterior regime previa que a ESAME recrutasse funcionários públicos, ou celebrasse contratos a termo e prestações de serviços. Contudo, todos os profissionais recrutados, mesmo que viessem do privado, estavam subordinados ao regime geral de direitos e deveres da Administração Pública.
In: Sol

domingo, setembro 16, 2012

Alimentar os probezinhos é divertido e serve também para lavar consciências

Surpreendentemente, há quem viva à leste da realidade. Como é público, há um colossal aumento de impostos, cujo esforço maior recai exactamente sobre aqueles de menores rendimentos, o que acentuará as dificuldades. Existe uma senhora que deveria conhecer a realidade da pobreza e exclusão que considera condenar milhares de pessoas à pobreza será um mal menor. Menor?!

A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome afirma que o novo pacote de austeridade é um «mal menor».
(...)
«Prefiro estas medidas agora anunciadas do que um novo acréscimo nos impostos, nomeadamente no IVA, porque poderia conduzir a uma maior desigualdade social», sublinhou. 

In: TSF


Viver acima das possibilidades: Passos gasta 1 milhão e meio com pessoal



Passos gasta 1 milhão e meio com pessoal
A despesa com os vencimentos brutos do pessoal do gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ascenderá, no final do ano, a cerca de 1,55 milhões de euros, um aumento de quase de 4% em relação aos 1,49 milhões de euros orçamentados para 2012.


PEDRO PASSOS COELHO, Primeiro-ministro
Verba orçamentada: 1 496 476 €
Despesa realizada: 1 552 744 €
Número de funcionários no gabinete: 67

MIGUEL RELVAS, Ministro dos Assuntos Parlamentares
Verba orçamentada: 543 945 €
Despesa realizada: 466 105 €
Número de funcionários no gabinete: 21

PAULO PORTAS, Ministro dos Negócios Estrangeiros
Verba orçamentada: 409 874 €
Despesa realizada: 650 561 €
Número de funcionários no gabinete: 26

JOSÉ PEDRO AGUIAR BRANCO, Ministro da Defesa
Verba orçamentada: 758 917 €
Despesa realizada: 1 080 000 €
Número de funcionários no gabinete: 38

VÍTOR GASPAR, Ministro das Finanças
Verba orçamentada: 498 929 €
Despesa realizada: 769 420 €
Número de funcionários no gabinete: 29

PAULA TEIXEIRA DA CRUZ, Ministra da Justiça
Verba orçamentada: 452 241 €
Despesa realizada: 374 020 €
Número de funcionários no gabinete: 10

PAULO MACEDO, Ministro da Saúde
Verba orçamentada: 546 745 €
Despesa realizada: 532 128 €
Número de funcionários no gabinete: 18

NUNO CRATO, Ministro da Educação e Ciência
Verba orçamentada: 585 111 €
Despesa realizada: 687 006 €
Número de funcionários no gabinete: 26

ASSUNÇÃO CRISTAS, Ministra da Agricultura e do Mar
Verba orçamentada: 617 577 €`
Despesa realizada: 770 478 €
Número de funcionários no gabinete: 26

PEDRO MOTA SOARES, Ministro da Segurança Social
Verba orçamentada: 419 920 €
Despesa realizada: 413 792 €
Número de funcionários no gabinete: 29

MIGUEL MACEDO, Ministro da Administração Interna
Verba orçamentada: 473 500 €
Despesa realizada: 468 590 €
Número de funcionários no gabinete: 21 

ÁLVARO SANTOS PEREIRA, Ministro da Economia
Verba orçamentada: 667 833 €
Despesa realizada: 943 585 €
Número de funcionários no gabinete: 32 €


terça-feira, setembro 11, 2012

Mentir de forma sistemática: impacto muito negativo sobre credibilidade do próprio programa




Vítor Gaspar há um ano tinha dúvidas sobre descida da TSU
Há um ano o ministro das Finanças mostrava dúvidas sobre os efeitos da descida da TSU. E aconselhava prudência na definição do modelo de descida. Chegou mesmo a declarar que a descida da TSU funciona bem no quadro teórico, mas não há testes que o confirmem.
(...)
"O Governo tem sérias dúvidas sobre a viabilidade de uma diminuição generalizada da TSU da grandeza que foi mencionada pelo FMI há algumas semanas em Portugal. E a razão é que o impacto sobre finanças públicas de uma tal redução seria de tal maneira importante que se arriscava em colocar em questão a própria viabilidade do cumprimento dos critérios quantitativas do programa assistência económica e financeira. Se fosse esse o caso a medida teria um impacto muito negativo sobre credibilidade do próprio programa", declarou Vítor Gaspar há um ano. 
In: Jornal de Negócios


Governo contra o Governo na descida da TSU
Há cerca de um ano, o Governo entregou aos parceiros sociais um estudo sobre o corte na Taxa Social Única (TSU) às empresas. Na altura foi contra a medida e alertou para o risco de essa opção agravar a recessão

No relatório, que foi divulgado pela edição em papel do Negócios de 10 de Agosto de 2011, o Governo descreve os efeitos negativos (certos) para a economia no curto prazo e os impactos positivos (incertos) no médio e longo prazo, determinados por uma descida da TSU para as empresas com um aumento de impostos para as famílias.
(...)
Os autores do estudo do Governo alertam que os efeitos recessivos de curto prazo podem ser ainda mais graves devido à situação financeira das famílias e às restrições que existem de acesso ao financiamento.(...)
In: Jornal de Negócios



Banco de Portugal foi contra a descida da TSU
O Banco de Portugal assumiu sempre uma posição contra a descida da TSU, alertando para os riscos dessa medida resultar em efeitos negativos no crescimento e na distribuição do rendimento. Avisa ainda que a descida da TSU para as empresas pode acabar por incentivar a produção de não transaccionáveis, em vez de promover as exportações.
In: Jornal de Negócios




Banco de Portugal não foi ouvido sobre as alterações à taxa social única
Ao contrário do que aconteceu no ano passado, o Banco de Portugal não foi ouvido nas alterações à descida da taxa social única. Estudo da entidade liderada por Carlos Costa alertou para a possível ineficácia da medida.
In: Jornal de Negócios


Governo espera que corte da TSU crie 50 mil empregos
O Governo e troika estão à espera que as alterações nas contribuições sociais anunciadas recentemente consigam criar cerca de 50 mil empregos em Portugal durante os próximos dois anos.In: Público



Nações Unidas contra aumento de impostos às famílias e redução às empresas
A Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) mostrou-se hoje contra o aumento de impostos em tempos de crise e chegou mesmo a aconselhar uma redução das contribuições das famílias para reduzir as desigualdades e estimular o consumo.
In: Jornal de Negócios

Exemplos de sucesso do experimentalismo do "ajustamento"

Um governo que aceita ser parte activa da destruição de uma nação, é um governo que atraiçoa o seu povo.


FMI: «Grécia e outros países deviam seguir exemplo da Letónia»
«É importante que outros países se inspirem na Letónia. O programa posto em prática foi um sucesso», disse Christine Lagarde em entrevista ao diário sueco Svenska Dagbladet.

Em dezembro de 2008 o FMI negociou com Riga, capital da antiga república soviética do Báltico com dois milhões de habitantes, um plano de resgate de 7,5 mil milhões de euros.

A crise económica mundial arrastou o país para uma profunda recessão, a mais intensa registada no espaço da União Europeia. Entre 2008 e 2009, o PIB do país recuou cerca de 25 por cento.

O plano, com um prazo de três anos, terminou em dezembro de 2011, mas a Letónia ainda continua a pagar os empréstimos contraídos junto do FMI.
Letónia: Laboratório de “resgate” da troika
Com a aplicação do programa da troika, um terço dos jovens emigrou, o PIB caiu 23%, os serviços públicos estão destruídos. A Diretora-geral do FMI elogia: “vocês ensinaram o caminho à zona euro”. Artigo de Andy Robinson

 Diante de uma foto gigante das torres medievais e pontes de aço soviético de Riga, Christiane Lagarde dirigia-se a uma sala cheia de executivos e funcionários de roupa cinzenta. O slogan “Letonia: agaisnt all odds” (“Letónia: contra todos os prognósticos”), usado para anunciar a conferência, lembrava um dos filmes de Rambo. E, de facto, a diretoria do Fundo Monetário Internacional (FMI) estava na Letónia para alardear que havia cumprido a sua missão, três anos depois de assinar um acordo para resgate da economia nacional. “Quem teria imaginado em 2009 que estaríamos aqui a celebrar essa conquista, depois de um percurso tão difícil? É um tour de force; ensinaram o caminho à zona euro…”.

Porquê tantos elogios a um pequeno país pós-soviético de dois milhões de habitantes no mar Báltico, cujo principal produto de exportação é madeira extraída das florestas que existem da capital até a fronteira com a Rússia? Porque “somos a experiência em laboratório da desvalorização interna”, ironizou Serguéo Acupov, ex-assessor do Governo que, depois de conseguir realizar a transição-relâmpago para a economia de mercado, em 1990, parece hoje muito menos convencido pela ideologia do choque rápido e agudo. “Querem um exemplo para Grécia, Portugal... Espanha”. Por “desvalorização interna”, Acupov refere-se à política de ajustamentos através de cortes salariais e nas despesas públicas. Ainda que a Letónia não seja membro da zona euro, recusou-se a desvalorizar sua moeda, o Lat, e tornou-se a cobaia da terapia de choque — mais ou menos como o Chile, nos anos que antecederam a chamada revolução neoliberal no Reino Unido e nos Estados Unidos. “Escrevemos um novo capítulo nos livros”, disse um dos participantes da conferência do FMI.

Depois do estouro da sua própria bolha imobiliária e de uma crise financeira da dívida, a Letónia firmou, em dezembro de 2008, um acordo de resgate com a União Europeia e o FMI. Em troca de receber créditos de 7.500 milhões de euros, o governo lançou o maior de todos os ajustamentos orçamentais, equivalente a 17% do valor da sua economia em apenas dois anos. A Letónia submeteu-se à pior recessão económica registada na Europa, igualando-se à Grande Depressão norte-americana. O PIB caiu 23% em dois anos. Os salários desceram entre 25 e 30%.Enquanto o desemprego aumentava de 5% para 20%, o subsídio de desemprego foi reduzido a 40 latis (57 euros) por mês. A pobreza alcançou quatro em cada dez famílias, mas a percentagem única do imposto sobre o rendimento subiu para 25%, passando a incidir até sobre os rendimentos mensais de 60 euros.

Nem mesmo a Grécia aniquilou um quarto da sua economia, como fizeram os letões. Mas agora a desvalorização interna dá os seus frutos, segundo argumentam Lagarde e outros que desenharam o ajustamento. A Letónia cresce 6% este ano, mais que qualquer outra economia europeia, e eliminou as suas dívidas anteriores. Agora, seria um modelo europeu a ser seguido. “Fizemos o que tínhamos que fazer”, disse Ilmars Rimsevics, o severo governador do Banco da Letónia, “eu diria que matámos o touro à unha, mas os meus assessores aconselharam-me a falar em podar a árvore”, acrescentou com um senso de humor muito letão.

A uns doze quilómetros do centro de Riga, Diana Vasilane entende o que sente alguém ao ser podado, “a minha filha mudou-se para Roma há três meses, quando a sua empresa, Statoil (da Noruega), cortou o seu salário de 600 para 400 lats por mês; o meu filho foi para a Suécia; o filho do vizinho para a Austrália; estamos aqui a rezar para não vivermos muito porque ninguém irá cuidar de nós”, disse. A revoada de jovens para outros países já havia começado depois da queda do comunismo. Mas desde o início do chamado “resgate” de 2009, este movimento tornou-se uma hemorragia. 10% da população (230 mil, de um total de 2,2 milhões de habitantes) saíram do país. Um em cada três letões com menos de 30 anos foi-se embora, a maioria para nunca mais voltar.

Até as cidades britânicas mais pobres são destino para letões em busca de trabalho. O voo da Ryanair de Liverpool para Riga ia cheio de jovens letões que visitavam as suas famílias, e todos os voos de volta estavam cheios, na semana passada. Isso soma-se aos graves problemas demográficos na Letónia, devido a uma taxa de fecundidade baixa e a uma expectativa de vida reduzida (um problema agravado por um sistema de saúde em crise orçamental). “A população envelhece rapidamente”, disse o demógrafo Mihail Hazans. Isto “já ameaça o desenvolvimento económico e a segurança social”.

Os filhos não foram a única parte da vida de Vasilane que foi podada. Há um ano e meio, ela era diretora da ONG Risk Berni (Risckchild.org), que prestava apoio a crianças de famílias marginalizadas (quase todas) do bairro Moscow Worstadt, de etnia russa e em ruínas, no centro de Riga. Moscow Worstadt era antes um distrito industrial da economia soviética. Agora é um foco de prostituição, drogas e atividades ilícitas.

No centro infantil Riska Berni, davam comida a 20 ou 30 crianças por dia e distribuíam roupas. Organizavam atividades – remo no rio, patinagem, partidas de futebol – para adolescentes. O estado letão ajudava com 2000 lat (2400 euros) por mês. O hotel Radisson fornecia as sobras da sua cozinha, talvez dos jantares das próprias equipas da União Europeia e do FMI que chegavam a Riga, de vez em quando. Mas o mega-ajustamento também chegou a Riska Berni. O governo podou o subsídio em metade e Riska Berni fechou no ano passado. “Com tanta emigração, as mães de muitas crianças foram para outros países e muitas das crianças agora vivem com os seus irmãos mais velhos ou com os seus avós”, disse. Durante uma parada em Moscow Worstadt, um jovem de cabeça rapada entrou num bar onde homens com cara de poucos amigos tomavam cerveja em silêncio. “Acabei de brigar com um; ele bateu-me primeiro”, disse. Nas ruas, jovens prostitutas – talvez de 17 ou 18 anos – esperavam.

Exceto Moscow Worstadt, a crise chama a atenção pela sua ausência no centro de Riga, visitado por bandos de turistas nórdicos que interrompem a sua visita pelas igrejas para tomar sopa de beterraba nas varandas onde um grupo toca “Knocking on heaven’s door”. Mas no subúrbio, onde vive Diana, as portas não são do paraíso, mas sim de centenas de habitações precárias, onde muitas vezes moram famílias que foram despejadas depois do estouro da bolha imobiliária. “Muitas das casas boas pertencem aos bancos, e os seus ex-habitantes acabam aqui”, acrescenta Vasilane enquanto um autocarro sobe uma rua sem asfalto. Entramos numa urbanização de barracas de madeira que se estende até ao rio, muitas delas com lotes cultivados que os novos pobres da Letónia combinam com a pesca para sobreviver. Não tem eletricidade, apesar de temperaturas de -20º C no inverno. “Nos tempos soviéticos, as pessoas tinham pequenos pomares aqui para os finais de semana com um barracão para guardar as ferramentas” – disse o condutor. Agora as pessoas vivem nos barracões.

Konstance Bondare, de 80 anos, é uma das moradoras do bairro de habitações precárias. Vive numa cabana de madeira em ruínas, sem luz e sem água, talvez um desses barracões que em tempos soviéticos eram usados para armazenar ferramentas. Konstance diz que veio morar aqui há um ano e meio, depois de ser despejada por um banco que tomou posse do seu apartamento em Riga. Tinha avalizado a hipoteca do apartamento que a sua filha comprara alguns anos antes; quando esta perdeu o emprego, o banco apreendeu os dois apartamentos. Assim como um em cada três jovens letões que emigraram desde o início do ajustamento, a filha também se mudou. Konstance veio viver aqui com o seu cachorro. Ele recebe uma pensão de aproximadamente 180 euros por mês. Vai todos os dias ao rio, buscar água — e diz que bebe. Para a descrença daqueles que a entrevistaram, afirma que paga o aluguer desta barraca de cerca de 12 metros quadrados, mas não diz a quem. “O banco pôs-me na rua e sugeriram-me envenenar o meu cachorro; prefiro envenenar-me a mim própria” disse, “olhem como nós letões vivemos no nosso próprio país!”.

Há centenas de habitações como esta neste subúrbio rural de Riga, aberto pelas vítimas do ajustamento. Curiosamente, muitas das ruelas entre as habitações têm cadeados anti-roubo. “Temos poucos bens, mas há muitos roubos e temos medo”, disse. Uma senhora da idade de Konstance foi assassinada com um machado há algumas semanas perto daqui. Roubaram a sua pensão de mais ou menos 100 euros.
http://blogs.lavanguardia.com/diario-itinerante/?p=1123

segunda-feira, setembro 10, 2012

Extremistas radicais atacam as medidas salvadoras do Governo


Van Zeller: "É ridículo o povo aceitar sacrifícios e não ir para a rua"
O povo tem de ir para a rua protestar contra os "sacrifícios" impostos pelo Governo e as políticas de austeridade da 'troika', defende Francisco Van Zeller, o antigo presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), à Antena 1. Se não for feito, "ou somos parvos ou estamos mortos", atira.

"Todos nós, empresários, estamos espantados com este silêncio. Parece que há um desamparo". (...) Por isso, contraria o primeiro-ministro, dizendo que "não podemos evitar que haja manifestações na rua". Se assim fosse, "éramos um povo de molengas". "Já viu o ridículo que era este povo aceitar os sacrifícios e não ir para a rua, não fazer um desfile." "Parecíamos parvos ou mortos." 

Alexandre Relvas condena "experimentalismo" a mando da "troika"
O ex-dirigente do PSD condena o que chama de experimentalismo a mando da “troika”. “É inaceitável sujeitar o país ao experimentalismo social - isto é fazer experiências com a economia nacional - a mando da ‘troika’ o que se traduz num profundo desrespeito pelos portugueses. É também preocupante o impacto destas decisões em termos sociais”, alerta.

“As decisões de redução da Taxa Social Única (TSU) para as empresas e o aumento para os trabalhadores para promover a competitividade só podem resultar de um enorme desconhecimento da realidade empresarial. Quem conheça o mundo das empresas sabe que estas medidas não terão impacto estrutural, nem sobre emprego nem sobre as exportações. O número de empregos criado será marginal, assim como será marginal o aumento das exportações”.

Van Zeller: "Dar dinheiro a empresas gigantes que não precisam"
A criação de emprego "será a última das consequências" da redução das contribuições das empresas para a Segurança Social.
In: Dinheiro Vivo

Empresários contrariam Passos: descer a TSU não vai criar emprego
"As empresas contratam pessoas quando precisam, não vão faze-lo por causa desta medida. Isso é completamente irrealista", disse o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

Na análise de Mário Ferreira, presidente do Grupo Douro Azul, os efeitos "perversos" desta medida poderão suplantar os positivos. Além da quebra de consumo, o gestor aponta uma outra preocupação: a quebra da harmonia que poderá trazer às relações entre empregado e empregador e baixar a produtividade.

Confederação: redução da TSU não ajuda pequenas e médias empresas
O presidente da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), João Pedro Soares, diz que a redução da Taxa Social Única (TSU) não vai beneficiar os pequenos empresários, pela “falta de mercado” que a perda de salários vai causar “no circuito económico interno nacional”.

Ordem dos economistas contesta medidas de austeridade
Para o bastonário da Ordem dos Economistas, que não não acredita na bondade e na eficácia das medidas, considera que não é com a diminuição do consumo e do rendimento das famílias que vai ser possível sair da recessão.

Saberão eles o que fazem?
O Governo anunciou para 2013 o aumento da taxa social única (TSU) para os trabalhadores, descida da taxa para empresas, supressão de um subsídio para funcionários públicos. Todos fizeram contas: os trabalhadores privados perderiam 7% do salário, o equivalente a um ordenado anual; os funcionários públicos, de empresas públicas e pensionistas perderiam dois, o mesmo que em 2012. Foram contas rápidas. Rápidas de mais. Na verdade, perde-se mais do que isso, pois 7% sobre o salário bruto é mais do que isso no salário líquido. Mas quão mais? Não se sabe.

Todos sempre unidos. No caminho da verdade: imagem de um regime totalitário


 

sexta-feira, setembro 07, 2012

C'est vrai. Le president est flamby

França: Hollande recua no imposto para ricos
Isentos do imposto ficarão (...) os ganhos na Bolsa, as mais valias com o imobiliário, os lucros com vendas de empresas, os dividendos e os juros do capital

De acordo com o matutino "Le Fígaro", o Governo cedeu a pressões de fiscalistas e empresários para evitar ameaças de saída do país(...).
In: Expresso

Medos que não desaparecem



Na conferência de imprensa de ontem, o hábil dirigente político Mario Draghi disse que o BCE quer evitar “cenários destrutivos” e “medos infundados por parte dos investidores na reversibilidade do euro” (quem diria que tais criaturas podem ter tais sentimentos desligados da realidade, irracionais…).

Como afirma o editor de Economia do The Guardian, Larry Elliot, “Draghi faz Osborne parecer um membro da sociedade dos amigos de Maynard Keynes” em termos de visão sobre a política económica. De facto, quanto mais usa o seu poder monetário, mais o BCE tem capacidade para insistir consistentemente na obsessão com uma inflação que é residual, na austeridade recessiva e nas “reformas estruturais” regressivas, mais se acentua a diferença entre o poder do BCE e a sua falta de legitimidade democrática.

Ao mesmo tempo, o seu próprio diagnóstico de uma recessão induzida pelo estado dos balanços de muitos agentes económicos, preocupados em pagar dívidas, garante uma procura agregada duradouramente deprimida. Continuamos, no fundo, perante uma política económica destrutiva, feita para criar medos fundados entre as classes trabalhadoras e entre as fracções do capital mais subordinadas nas periferias cada vez mais deprimidas. Alguém ainda acredita que alguma vez poderá ser diferente?

Sabendo que é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma, o BCE decidiu aligeirar as exigências em relação aos activos ditos soberanos que aceita como colateral nas operações de crédito nos países sob tutela presente e futura destes bandos de funcionários não-eleitos. Decidiu também terminar com a “senioridade”, o que significa que o BCE fica futuramente tão exposto como um privado a futuros incumprimentos nas operações de compra de dívida que agora se iniciam, o que se destina a dar confiança aos tais investidores. Em conjunto com as tais intervenções “ilimitadas” nos mercados secundários de títulos, com maturidades de um a três anos, da dívida que não é, na prática, soberana, tendo necessariamente como contrapartida compromissos rigorosos com a neoliberalização, estas decisões, desenhadas para a Espanha e para a Itália, acalmarão temporariamente os especuladores, criarão uma convenção “o euro aguenta-se até ver” e farão baixar os custos do financiamento a curto prazo. Impede-se assim a desagregação de um arranjo monetário ainda disfuncional nos próximos tempos.

Entretanto, até já se diz que Portugal pode começar a pensar ficar entre a parede do BCE e a espada dos financiadores privados, de novo. No entanto, a crise económica que se aprofunda decisivamente, tal como o próprio BCE confirma, e as respostas políticas, que terão de vir dos espaços nacionais onde ainda existe a possibilidade democrática de rebelião contra esta ordem monetária e financeira pós-democrática, voltarão a fundar os medos mais intensos dos “investidores”.

Via Ladrões de Bicicleta