sábado, janeiro 28, 2012

Falar a verdade é um desígnio

Governo e empresas têm falado em aumentos médios dos transportes de 5%, mas várias assinaturas combinadas sobem muito mais.
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Por exemplo, quem compra a assinatura mensal do combinado CP-Metro e acaba a sua viagem habitual na estação de Queluz (Linha de Sintra) passa a pagar 47 euros e 95 cêntimos. Até agora pagava 25 euros e 20 cêntimos, num aumento de 90 por cento.

Na lista de assinaturas com maiores subidas segue-se o combinado CP-Metro para quem apanha o comboio na estação da Azambuja, um passe mensal que custava 72 euros e 70 cêntimos e passa a custar 95 euros e 5 cêntimos (uma subida de 31%).

Outro combinado, o CP-Metro para quem apanha o comboio na estação da Amadora sobe 28% (31 euros e 85 cêntimos para 40 euros e 65 cêntimos), num aumento idêntico ao que ocorre no combinado Metro-Transtejo (29 euros e 90 cêntimos para 38 euros e 40 cêntimos). 
 TSF

Finança Centrífuga

Um dos resultados mais interessantes saídos do último relatório do RMF está na actual dinâmica de centrifugação financeira nacional. Vários indicadores mostram como os sectores financeiros têm ficado cada vez mais próximos dos seus estados nação, como a acumulação de dívida soberana por parte dos bancos nacionais. No entanto, mais interessantes são os empréstimos feitos via Eurosistema (conjunto dos bancos centrais nacionais da zona euro). O banco central alemão empresta directamente aos bancos centrais dos países periféricos, empréstimos estes que servem depois para financiar a banca de cada país. Este crédito de “emergência”, que excede a capacidade de financiamento da banca nacional junto do BCE, está na prática a servir para cobrir os défices externos da periferia com os excedentes alemães (os volumes de financiamento coincidem com os desequilíbrios externos).

A liquidez fornecida pelo Banco de Portugal à banca nacional obedece a critérios próprios e, embora o BCE tenha a capacidade de impor o seu fim, essa não é actual política. Pelo contrário, segundo o anúncio do BCE no mês passado, os critérios para acesso a esta liquidez serão mais flexíveis e da responsabilidade de cada banco central nacional. Duas conclusões se podem tirar daqui. A primeira diz respeito à forma como o crédito privado da banca é cada vez mais responsabilidade pública de cada estado nacional da zona euro. A segunda está na forma obscura como estes empréstimos à banca estão a ser conduzidos. Ninguém sabe quais as condições impostas. Não seria de chamar o Governador do Banco Portugal ao Parlamento para explicar estas extraordinárias operações?

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