domingo, setembro 02, 2012

A agenda do mérito: em aplicação

A cultura da cunha é uma marca indelével deste governo. Não só o faz despudoradamente, alegando que nunca em tempo algum existiu um governo tão exigente e transparente como este, como nem sequer existe qualquer preocupação em escolher pessoas com conhecimento naquilo que vão administrar em nome do Estado.

A Saúde tem sido terreno fértil de nomeações com chancela do compadrio. São nomeadas figuras para cargos como o de director executivo de Agrupamento Centros de Saúde quando nem sequer cumprem com os requisitos exigidos previstos na Lei para o exercício do cargo.

Recordar o que aqui foi anteriormente referido sobre o mesmo tema.   



ACES Vale do Sousa Norte, Camilo Alves Mota , 60 anos, licenciado em Medicina (FMUP) – 1979.

Súmula curricular que acompanha o Despacho de Nomeação identifica-se como médico não inserido em carreira, nem possuidor de qualquer especialidade. Refere um Internato da Especialidade de Cirurgia Geral que terá frequentado no Hospital Distrital de São Pedro de Vila Real mas que decorreu apenas entre 1985 e 1986 (!?), quando deveria ter durado 6 anos. Afirma competências que não são mais do que disciplinas do curso de licenciatura em Medicina. Afirma-se Médico Especialista em Medicina Termal (Especialização de Hidrologia Clínica; Hospital de São João — Porto), sendo que a Ordem dos Médicos não reconhece esta área como especialidade ou sub-especialidade, mas como competência. Um curriculum médico incompatível com qualquer tipo de concurso (graduação ou provimento) dentro do Serviço Nacional de Saúde.
 
Actividade profissional: Feita quase exclusivamente através de trabalho à tarefa desenvolvido em atendimento permanente / serviço de urgência (Santa Casa da Misericórdia de Paredes, Hospital Padre Américo — Vale do Sousa e Tâmega, Hospital Privado da Arrábida, …).
  • Experiência exigida (alinea a) do ponto 2 do Art.º 19.º do Decreto-Lei 28/2008 de 22 de Fevereiro): NÃO POSSUI 
  • Formação exigida (alinea b) do ponto 2 do Art.º 19.º do Decreto-Lei 28/2008 de 22 de Fevereiro): NÃO POSSUI
  • Actividade na área da saúde: POSSUI (exterior ao SNS).

Curiosidades:

Resumindo, um currículo e um perfil que alguém considerou ser o mais adequado para dirigir uma instituição do Serviço Nacional de Saúde com quase 400 profissionais e que serve cerca de 170.000 utentes.
Fonte: Saúde, S.A.



A nossa preocupação não é levar para o Governo amigos, colegas ou parentes, mas sim os mais competentes. Isto não é desconfiança sobre o partido, mas sim a confiança que o partido pode dar à sociedade”, disse Passos Coelho.
Passos [Coelho]: "(...) não quero ser primeiro-ministro para ser dono do país ou para dar emprego aos amigos. Quero libertar o Estado e a sociedade civil dos poderes partidários. Vai ser possível fazer jogo limpo, premiar o mérito e governar para todos os portugueses". Expresso
Eduardo Catroga: O programa do PSD fala num estado eficiente, sustentável. Vamos reduzir o Estado paralelo, promover serviço público, apostar nos recursos. Queremos dignificar os directores-gerais, espezinhados nos últimos anos pelos assessores. Queremos despartidarizar a FP. Os novos dirigentes da FP vão ter de passar por processos de certificação externa antes da escolha. E os actuais directores terão mandatos para as suas funções actuais. Os novos dirigentes da FP vão deixar de ser os amigos dos amigos. Jornal I

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